O Ministério Público estadual, por meio do Centro de Apoio Operacional da Saúde (Cesau), promoveu na manhã da última quarta-feira (14) o ‘3º Fórum de Vigilância Epidemiológica’, que teve como tema o recente surto de malária no extremo sul da Bahia. O evento contou com a participação da diretora de Vigilância Epidemiológica (Divep) da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab), Márcia São Pedro Leal Souza, e da coordenadora de Doenças Transmitidas por Vetores (CODT) da Sesab, Ana Cláudia Nunes, que falaram sobre a notificação de casos de malária e as ações da Sesab para controlar o surto da doença.
O Fórum que foi aberto pela promotora de Justiça Patrícia Kathy Medrado, coordenadora do Cesau, contou com a presença de promotores de Justiça com atuação na área de saúde. “Estamos atentos aos casos de malária identificados e nos colocamos à disposição para as diligências que se fizerem necessárias”, afirmou Patrícia Kathy. Segundo a diretora de Vigilância Epidemiológica da Sesab, Márcia São Pedro Leal, desde o dia 27 de abril, quando foi detectado o primeiro caso em Itabela, já foram registrados 53 casos positivos de malária na Bahia. “Realizamos diariamente ações de investigação, coleta entomológica de vetores, busca de pessoas sintomáticas, tratamento, coleta e leitura de lâminas de gota espessa”, destacou. A maioria das pessoas confirmadas com a doença mora no assentamento Margarida Alves, em Itabela, onde um homem que estava em Manaus fez uma visita no local. Também há casos registrados em Porto Seguro e Itamaraju.
A coordenadora do CODT, Ana Cláudia Nunes, apresentou todo o histórico de ações feitos pela Sesab, que inclui realização de reuniões com a vigilância epidemiológica de Itabela e com a regional de saúde de Eunapólis e visitas aos criadouros do mosquito Anopheles na localidade. No dia 1º de julho, os agentes de epidemias realizaram o tratamento de criadouro de Aedes Aegypti do assentamento Margarida Alves e a coleta das informações da quantidade de camas de casal e de solteiro para entrega de mosquiteiros apropriados para casos de malária. Esses mosquiteiros possuem repelentes prolongados contra o mosquito do gênero Anopheles.
Além disso, a Sesab montou um laboratório na cidade de Itabela com o objetivo de realizar ações de conscientização da população por meio da distribuição de material educativo e uso de inseticida específico. Ana Cláudia Nunes destacou que as equipes da Sesab estão testando todas as pessoas do assentamento, sintomáticas e não sintomáticas. Segundo a diretora da Divep, Márcia São Pedro Leal, existem cerca de 400 espécies de mosquitos, sendo que 60 no Brasil, e destes um total de 11 tem importância epidemiológica na transmissão da malária. A doença é transmitida pelo mosquito do gênero Anopheles, popularmente conhecido como muriçoca, mosquito-prego e bicuda, dentre outros. Também participaram do fórum os promotores de Justiça Alex Bezerra Bacelar; Antônio Maurício Soares Magnavita; Carlos Robson Leão; Helber Luiz Batista; João Batista Madeiro Neto; Márcia Teixeira; Mariana Araújo; Moisés Garnieri de Miranda Nery; Tatyane Miranda Caires; Ana Luíza Menezes; Juliana Santos Rocha; e Thaiana Rusciolelli Souza.
Cesau envia Orientação Técnica sobre malária
No início desse mês, o Cesau enviou uma Orientação Técnica para os promotores de Justiça que atuam na área da saúde acerca da malária, que é uma doença infecciosa, febril potencialmente grave, causada pelo parasita do gênero Plasmodium, transmitido ao homem, na maioria das vezes, pela picada de mosquito do gênero Anopheles infectado. No entanto, também pode ser transmitida pelo compartilhamento de seringas, transfusão de sangue ou até mesmo da mãe para feto, na gravidez. Os principais sintomas são episódios de calafrios, febre e sudorese com duração de 6 a 12 horas, além de cefaleia, náuseas, mialgia e vômitos. A Orientação Técnica trouxe também informações sobre os agentes causadores da doença, sintomas e de como deve ser feito o diagnóstico, além de dados sobre tratamento, prevenção e a epidemiologia da doença. De acordo com a Coordenação de Doenças de Transmissão Vetorial da SESAB, o caso é tratado como surto, porque a doença não é endêmica na região. Nenhuma morte foi registrada no estado, até o momento. Fonte: Cecom/MP